Raimundo

Raimundo
Raimundo , o Mundico

Objetivos e Justificativa

A IDEIA deste espetáculo é dialogar com jovens, adultos e idosos para que possam refletir sobre a poesia de sentir saudade, sem medo. Hoje é possível verificar nos milhares de blogs (diários pessoais) espalhados na rede, depoimentos de pessoas que têm medo de sentir saudade e por isso se afastam de pessoas, evitam encontros, preferindo o anonimato da máquina. Ana escreve em seu blog: “De medo de sentir saudade evito coisas que me tragam lembranças...”
Nosso OBJETIVO é a montagem de um espetáculo de Teatro de Formas Animadas, utilizando-se de várias técnicas como a máscara inteira expressiva, teatro de sombras e o teatro de objetos, tendo como ponto de partida o tema da saudade. O espetáculo será elaborado a partir de um estudo da máscara inteira expressiva na relação ator/máscara e outros elementos. Em “MUNDICO – Sonata Muda”– um pequeno mundo guardado a sete chaves, alma presa no momento vivido - Raimundo, o nosso personagem, um velho palhaço, insiste em ficar preso nestes momentos, às vezes consciente, e muitas outras vezes, inconscientemente. Seu mundo é seu passado, carregado de lembranças. Permanece na eterna espera de um novo momento para reviver, reencontrar o passado e recontar suas estórias. Um ciclo vicioso que não o deixa olhar para frente ou, simplesmente, se despedir e partir. Acaba relegado.
 A SOCIEDADE moderna parece evitar o encontro. Acabamos nos fechando a cada dia, mais e mais, evitando o “olho no olho”, a experiência humana. Nosso olhar é dirigido progressivamente para se tornar um receptor de superfícies planas. Não temos tempo para criar laços. Estamos resumindo nossas vidas em currículos, carreiras, em números, pré-determinamos nossos comportamentos para “dar conta”. Com isso, o corpo perde suas dimensões e é reduzido, transformado em um alvo, um ponto a ser atingido pelo mercado. O corpo reduzido a um ponto é um corpo destituído de sua corporeidade. Seria medo de aprofundar relações e um dia sentir saudade?
Essa mesma sociedade afasta o Homem da ALMA, da essência, e faz com que corra atrás da eterna juventude, priorizando a imagem de como fomos um dia. Ela nos deixa nostálgicos, remoendo lembranças, saudosos da nossa juventude.  Vivemos numa cultura que teme o envelhecimento e valoriza a vitalidade e a beleza dos jovens. Mas acontece que nosso país já não é mais considerado um país de jovens. A cada dia aumenta o número de pessoas idosas e é preciso olhar com outros olhos o envelhecer. Na sociedade atual, envelhecer é ficar preso num passado, é ser confinado nas lembranças. E é deste confinamento nas lembranças que fala o nosso espetáculo “MUNDICO – Sonata Muda”.
A SAUDADE é inerente ao ser humano. Sentimos saudade de cheiros, de gestos, de pessoas, de encontros e de como fomos um dia. Somos marcados por encontros, mas ignoramos o marco que um encontro produz em nós. De tempos em tempos nos perdemos e precisamos encontrar ou sermos encontrados.
Uma volta ao PASSADO para entender o PRESENTE e pensar no FUTURO.
Contamos ESTÓRIAS de artistas e de pessoas comuns. Estórias vividas, momentos lembrados e saudosos; Uma espécie de último suspiro para se libertar das prisões criadas.
QUEREMOS alertar para nossa velhice em andamento, voltar o olhar para a nossa terceira idade. Chamar a atenção para o isolamento que algumas pessoas são empurradas por não serem compreendidas ou simplesmente não quererem participar da modernidade que se apresenta. Mostrar a POESIA que existe em sentir saudade e o quanto essa mesma poesia pode nos colocar frente a frente com nossos monstros guardados.